O projecto, importante na reestruturação da zona de Alcântara, propôs a criação de um núcleo habitacional e terciário de relevo. O edificado define um conjunto volumetricamente marcante cuja linguagem pretende aproximar os espaços interiores da realidade lúdica e versátil em que se inscreve. A composição pretendeu criar uma imagem homogénea no tratamento do espaço, embora com uma diversidade de situações que permitam a valorização e dinamização do conjunto – a inter-relação entre o espaço construído e os vazios que contém, modelados e trabalhados plasticamente, é determinante para o êxito da solução. São criados enquadramentos cénicos cuja singularidade permite identificar isoladamente cada um dos espaços e dotá-los de uma identidade própria.
Segundo o arquitecto Frederico Valsassina, autor do Projecto Alcântara Rio, o objectivo da intervenção foi “fomentar a criação de uma rede de pólos de actividade económica apoiados num tecido empresarial inovador e gerador de maior valor acrescentado, dentro do conceito já experimentado noutras cidades europeias como Barcelona, Cambridge e Helsínquia”.
É opção de projecto tirar partido da luz, exposição solar e vistas e, por conseguinte, definem-se grandes envidraçados que aproximam, também, o espaço interior do espaço exterior. Mas se, por um lado, o confronto que se estabelece entre os novos edifícios e a sua fronteira construída é claramente desfavorável e agravada pela presença do vidro, por outro, a posição dos edifícios permite o isolamento necessário perante o exterior. Esta situação é igualmente atenuada pela escala do conjunto, que favorece a definição de uma ideia de sítio e propicia o recolhimento daqueles que o habitam.
A Antiga Fábrica União Fontaínhas faz parte de uma solução urbanística global que estabelece espaços exteriores diversificados ao longo da Rua João de Oliveira Miguens, conceptualmente unificados através da definição de uma área exclusivamente pedonal, formando uma série de situações de interior de quarteirão, protegidas em relação à grande agressividade do exterior.
A diversidade do espaço exterior foi baseada em duas soluções urbanísticas que se podem distinguir em áreas interiores e áreas de circulação periférica. O objectivo das zonas interiores é que tenham um tipo de utilização muito próximo do cariz residencial do edifício. As áreas de circulação externa estão, por outro lado, intimamente relacionadas com os fluxos, que atravessam os espaços e serviços oferecidos pelos edifícios comerciais e de escritórios, assumindo assim o carácter público de uma rua pedonal. Estas duas tipologias estão separadas por uma mudança de nível, resolvida através de rampas pedestres de declive suave que se relacionam com a definição de planos inclinados revestidos a metal ou a vegetação. O sistema de ventilação das áreas subterrâneas é assegurado pela perfuração nas chapas em aço Cor-Ten™.
Créditos
Arquitectura:
Frederico Valsassina Arquitectos
Construção:
Arquitectura Paisagista:
Proap – Estudos e Projectos de Arquitectura Paisagística
Fundações e Estrutura:
A2P – Consultadoria, Estudos e Projectos
Instalações de Hidráulica:
Ductos – Sociedade de Projectos de Engenharia
Fotografia: